quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Produção é pra quem gosta...

Definitivamente, trabalhar com produção é uma cachaça. Sem a menor sombra de dúvida, pelo menos uma vez (comigo mais de uma...) já pensamos: "- Vou largar essa porra aqui e ir pra casa! Tá tudo errado!" Mas, não vamos... Ou então: "- Vou trabalhar com outra coisa, cansei dessa merda!" E também, não vamos...

Pra trabalhar com produção meu amigo, tem que ter culhões, e pra trabalhar com produção em comunicação visual, tem que ter nada nada uns 3. Tem que saber que o cliente vai errar, vai tentar botar a culpa na agência, que mais do que imediatamente, vai culpar você. Mesmo que você tenha passado para ela tooodas aquelas medidas 1.045 vezes por e-mail, ela vai tentar botar no seu fiofó. No máximo o que você vai conseguir é um: "- Tá, tá, tá, mas vamos resolver, cobra só o custo, e tal..."

A grande questão é que sempre somos a ponta da lança. Em um evento, por exemplo, somos os últimos a poder entrar, tem que estar toda a estrutura concluída, e não por acaso, nosso trabalho é o que mais aparece, então temos a área livre para trabalhar na segunda a noite para um evento que começa na terça pela manhã porque a montadora atrasou. Eu paro e digo: "-QUE DESGRAAAAAÇA EU TENHO A VER COM A MONTADORA??" E 5 minutos depois, com o rabo entre as pernas, me vejo desesperado para conseguir entregar o trabalho no prazo, mesmo que para isso eu tenha que passar a madrugada na montagem, e levando materiais para instalação por que a agência não entregou os arquivos no prazo correto! (isso não acontece uma ou duas vezes...)

Em toda e qualquer agência do mundo, a criação odeia o atendimento, e a produção é, quase sempre, relegada a um sonoro: "-Se vira que essa porra é urgente!!" Pois é, mas o "URGENTE" uma hora vai dar merda, como já vi dar merda algumas vezes.

Nós do lado de cá não odiamos nem a criação, nem o atendimento e muito menos o produção, apenas queremos matá-los algumas vezes, mas, não odiamos... Se tudo nos fosse passado no prazo acordado, seria até utópico... O pior desses "urgentes" são aqueles que nos desgraçamos para fazer no prazo e a agência vira e fala: "-Massa! Deixa aí que vou ligar para o cliente para agendar uma data de instalação." Ahhh! Esses eu sempre quero matar!

Outra coisa que eu juro que queria entender são as agências de marketing promocional, ô gente complicada, se eles puderem deixar para o último segundo, eles deixam para o primeiro segundo da "hora J", já começamos o job atrasados. Nesse carnaval eu passei duas semanas, duuuuas semanas inteirinhas indo na agência para tentar arrancar os arquivos dos orçamentos que estavam atrasados, e só tive sucesso na segunda, antes do carnaval.

Aí depois me perguntam porque que você tá tão estressado, porque será meu Deus, porque??

terça-feira, 24 de maio de 2011

CCAA - Inglês, Espanhol e Fachada Errada

Logo que entrei para a primeira empresa de comunicação visual em que trabalhei, tinhamos 2 atendimentos, eu e outro cara. Então, como nenhum dos 2 tinha experiência na área, decidimos que fariamos um bolo só nas vendas e dividiriamos as comissões. Como eu tinha mais experiência em direção de arte eu ficaria mais interno e ele mais externo. Mas nada disso era fixo, eu atenderia alguns clientes e ele outros, o que fosse mais fácil.

Ainda no nosso primeiro mês, ficamos sabendo que um orçamento bacana de uma fachada do CCAA da Graça que tinha sido passado na gestão de outro atendimento, meses antes, seria fechada com a gente, ficamos empolgados porque era uma venda relativamente importante financeiramente. A fachada era composta de 5 peças em caixaria de aço com recortes das letras e retro-iluminada e na parte central uma placa de acrílico de quase 2 metros de diâmetro, onde todas as peças se juntavam como um quebra-cabeça. Ou seja, era caro...

Pegamos o projeto que tinha sido fechado pelo outro atendimento com o CCAA e passamos para o dono da empresa que se encarregou de passar para os fornecedores uma vez que a gente ainda não sabia onde dormiam as cobras... E como moro para as bandas de cá, meio que ficou acertado que eu faria o acompanhamento dessa instalação. Eu e a galera da produção saímos da empresa umas 3 da tarde para fazer a instalação das peças, vi tudo pronto já em cima da Kombi e pensei comigo mesmo:

- Essa porra não devia ser montada aqui no chão pra ver se tá tudo certinho não?

Mas fiquei só no pensamento, eu ali era o novato e não queria tomar apagação.

Chegamos lá e vimos que a instalação seria mais complicada do que o previsto, uma vez que nesse CCAA tem uma escada meio que transversal na entrada e os andâimes teriam que ser colocados alguns no chão e outros escorados nos degraus da escada, o que da uma grande margem para qualquer merda acontecer. No lugar onde iria ficar a mega fachada estava colocado um grande banner com a marca do CCAA que teria que ser desinstalado.

Andâimes montados, os caras subiram e começaram a retirada do banner que estava preso por cima do teto da casa, numa puxada mais bruta (peão é foda...) o banner rasgou bem na metade, os caras olharam para a minha cara e eu começei a rezar para o cara do CCAA não querer mais aquele banner e assim continuamos com a aplicação das peças. Eram 5 peças, 2 de um lado, 1 central e mais duas do outro lado, onde as 4 laterais se encaixavam com a do meio perfeitamente (pelo menos teoricamente...).

Após as 2 peças do lado esquerdo serem colocadas foram encaixar a do meio que para meu desespero não encaixava perfeitamente. Ficavam alguns centímetros afastadas das curvas da peça central. Essa é a hora que você olha pra cima, estufa o peito e diz:

- Fudeu tudo...

Tentei me acalmar, liguei para para dono da empresa e avisei da merda e entrei com calma para falar com o dono daquela franquia. Na sua saída para ver a confusão ainda percebeu que as letras que, conforme o projeto, deveriam estar recortadas no aço apenas tinham adesivos vinílicos em seu lugar. O cara pirou... No caso, estava a porra tooooda errada. Recolhemos nossos banos de bunda, andâime que não acaba mais e fomos embora prometendo retornar assim que o aço estivesse recortado corretamente, tanto os encaixes como as letras.

No dia seguinte eu chego na empresa e aviso logo, que pra essa porra dessa instalação da qual eu não tinha nada a ver com esse projeto todo errado, até porque numa fachada em que: Um vende, outro atende e outro vai acompanhar instalação, só podia dar merda. No dia da nova instalação eu taav na rua atendendo outro cliente quando o dono da empresa me liga dizendo:

 - Velho, eu sei que você falou que não ia acompanhar mais essa porra, mas o brother tá doente, você vai ter que ir...

Respirei e fui, com a quase certeza de que os caras dessa vez teriam montado essa porcaria no chão da empresa e visto que estava tudo certinho... Eu tenho mais é que me fuder mesmo...

Chegando lá, já encontrei os caras terminando de montar os andâimes novamente e falei:

- Se vocês não testaram essa porra no chão da empresa, monta agora antes de subir.

Dito e certo, não tinham testado, por incrível que pareça, os caras que recortaram as peças para encaixar perfeitamente no centro recortaram errado, e agora que elas tinham textos, para obter o encaixe perfeito das peças o texto teria que ficar de cabeça para baixo. Pensei em subir no andâime e me jogar de cabeça no chão, mas acendi um cigarro e fiquei pensando em como eu ia dizer para o cara. Não precisou, ele viu os andâimes lá de dentro e saiu para ver como estava ficando e viu a estrovenga montada no chão, olhou para minha cara e começou a descer as escadas driblando os andâimes...

CCAA - Como isso é possível?
Eu - Não tenho a menor idéia. Isso não poderia ter acontecido.
CCAA - Mas aconteceu...
Eu - É...
CCAA - Se essa fachada não estiver instalada no dia 20 (faltava 1 semana para o dia 20...) eu vou processar a empresa de vocês.
Eu - Com certeza ela vai estar instalada no dia 20! O senhor está coberto de razão. (Não sei porque mas essa frase normalmente acalma os clientes, por maior que seja a merda).

Virou as costas e saiu, sem nem um boa noite. Lógico que a essa altura e com todas essas merdas acontecendo eu não tinha certeza alguma de que essa porra estaria pronta, mas não podia mostrar fraqueza... Quando vou saindo o cara vira e pergunta:

CCAA: - Sim, e cade o banner?
Eu: - É que... (fudeu... pensei...) rasgou na retirada...
CCAA: - Ok, que maravilha, quando vierem trazer a fachada, quero outro banner.

Resultado? Tivemos que refazer o banner e todas as peças novamente, a única coisa aproveitada foi o acrílico e a parte central e no dia 20 lá estava ele todo pimpão olhando sua fachada instalada. Isso eu soube pelo outro atendimento porque eu não ia nessa porra mais nem amarrado de corda.

Quando eu planejo um projeto, gosto de acompanhar do nascimento da idéia até a instalação, quaquer coisa diferente disso, é chance demais para o azar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Riachuelo - Lançamento da Coleção Ivete Sangalo (Convento do Carmo)

O dono da empresa de comunicação visual onde trabalhava na época me passou o cliente, Riachuelo. Um produtor de moda local era responsável pelo serviço e era amigo dele, o tal produtor, tinha sido contratado por uma agência de São Paulo que tinha a conta da Riachuelo, a BigMan. O evento era o lançamento da Coleção Ivete Sangalo, que seria realizado no Convento do Carmo.

Bom, fui para a reunião de vistoria imaginando o que eles iriam querer fazer para um evento como esse e imaginando a viadagem que seria para ter autorização para qualquer intervenção mais arrojada no Convento do Carmo. Eu já sabia que não se pode bater um prego em nenhuma parede, assim como não se podem 200 outras coisas nesse hotel onde a diária é pra lá de 2.000 conto, em baixa temporada.

Chegando lá encontrei com o contratante e começamos a conversar, eu, ele  e a responsável de eventos do hotel que me olhava com um não na ponta da lingua, imaginando que eu fosse propor uma loucura a qualquer momento. A única coisa que propuz, mais diferente, foram uns tecidos amarrados nas colunas da entrada imitando umas fitas do Bomfim com a marca da Riachuelo. Ela não bradou, então, estaria autorizado, mas a agência decidiu não fazer.

Decidimos por peças que não teriam nenhum impacto nas paredes ou arquitetura, ou quase isso, tinhamos um backdrop*¹, que ficaria atrás do espaço onde Ivete faria a coletiva; um banner que ficaria preso em 2 porta banners que seria posicionado atrás de 2 poltronas enormes onde ela faria uma entrevista especial para a Riachuelo e uma outra lona com ilhós enorme, que teria a mesma altura do pé direito do Convento na parte interna. Aí é que entra o "ou quase isso", essa lona ficaria presa na tubulação anti-incêndio, um tubo de metal, que pra mim, sustentaria a lona, mas só sabe o peso de uma lona grande quem já carregou uma e essa era bem grande.

Com tudo acertado, cheguei na empresa e mandei o email com as medidas e fotos para o pessoal da BigMan fazer os layouts nos formatos corretos, coisa que eles fizeram até rápido demais pra o meu gosto, visto que comunicação visual quase sempre se fode na agência, o arquivo vem em cima do prazo. Com isso feito, só faltavam 2 coisas: marcar com a empresa que instalaria a estrutura metálica de boxtruss*², no caso a Loquip, onde a sempre solícita Bianca joga duríssimo e tem bons preços, e rezar para "Nossa Senhora de Segura a Lona" para a porra do tubo não vir a baixo com a lona gigante.

O evento estava marcado para as 11:00 então, marquei com os caras que instalariam a estrutura as 6:30 da manhã, para não ter como nada dar errado e estar com tudo pronto as 7:00 para eu colocar meu backdrop. Cheguei lá, as 7:00 relaxadão, com a certeza de que estava tudo certinho e que seria mamão com açucar (na verdade pra mim foi, eu odeio mamão...).

Quando eu entro na sala que teria o backdrop percebo que colocaram uma porra de um palco praticável de uns 40cm de altura colado no fundo da sala, o que acabava com todo o planejamento do backdrop que estava acertado para "morrer" junto ao teto, com esse palco a estrutura simplesmente não caberia.

O palco estava prontinho, com carpetes presos nos praticáveis e uma "saia" de lycra tensionada. Fiquei uns 5 minutos olhando aquela porra, imaginando que eu ia fazer da vida e mandei os caras irem instalar o resto do material. Cansei de ficar comtemplando a merda e verifiquei que eu teria que chegar o palco pra frente, como? Não tinha a menor idéia, mas teria...

Acompanhei a montagem do resto do material, o cano que eu estava com medo de despencar suportou o peso da lona numa boa. Mas a porra do palco estava lá, aquela porra... Nisso, as pessoas da Riachuelo começaram a chegar pra montar o evento, desfile, etc. E junto com elas eu sabia que estariam alguns grandes nomes da agência e também do marketing da Riachuelo, ou seja eu tinha que tomar uma decisão rápida ou comprar um tubo de KY. Porque ia sobrar no rabo de alguém, não era pra ser no meu e sim no de quem inventou esse palco depois, mas, ia acabar sendo no meu.

Os caras da minha produção estavam ali, sentados nas cadeiras e olhando pra o palco, junto com os caras que montaram a estrutura do boxtruus e os caras do hotel que eu já tinha convocado para ajudar a puxar o palco. Só que era impossível puxar tudo de uma vez, eram uns 4 praticáveis e todos presos uns aos outros pelo carpete de cima. Foi aí que eu despiroquei e disse: - Vou arrancar essa porra toda! A cara dos presentes não foi muito agradável, me olhavam como se fossem dizer: - Tá maluco porra? Ah, foda-se, calça de veludo ou bunda de fora, sem o backdrop não tinha entrevista e com o palco onde estava, não tinha backdrop.

Comecei a arrancar a toda a saia do palco e descolar os carpetes e consegui puxar o primeiro, detalhe que fazendo isso tudo sozinho e suando mais que puta da Ladeira da Montanha, acho que em algum momento os caras da produção pensaram: - Porra, se o playboy tá fazendo força não é a gente que vai ficar parado. E assim foram me ajudar.

Lá pelas 10:00 conseguimos relocar o palco e remontar o carpete e a saia da melhor maneira possível, na verdade, quem não viu como estava antes nem saberia dizer a diferença. No momento me que colocamos o boxtruss no lugar prontinho e brilhando, entram pela porta uns 3 caras bem vestidos, um mais normal, outro quase metrossexual o outro gordinho e alto pra caralho. Me apresentei e logo depois fiquei sabendo quem eram, o normal era o diretor de marketing, o metrossexual o dono da Riachuelo, (que cá pra nós, que eu nunca diria que era o dono) e o grandão era o tal "pica das galáxias" BigMan, o dono da agência.

Com tudo pronto e montado relaxei, fiquei observando a movimentação da montagem do desfile e da coletiva e cada vez mais eu percebo que comunicação visual não é muito diferente de qualquer outra área, não tem a peça correta? Armenga-se! Arruela vira porca e rebite vira cola.



*¹ Backdrop - Painél com marcas de patrocinadores que fica atrás de quem   está dando uma entrevista coletiva.
*² Boxtruss - Estrutura metálica treliçada para fixação de lonas ou luzes de boites em festas.

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Só a Ipanema tem as anatômicas" - Mas não tem a sandália gigante!

Algum tempo depois, já com mais experiência, me aparece lá na empresa um dono de uma franquia de sandálias Ipanema, aquela mesmo que tinha um comercial que se repetia de forma infernal. Como a loja ficava no Comércio, próximo ao Porto ele se aproveitava das chegadas dos Transatlânticos que enchem a cidade de gringos que, segundo ele, entravam na loja loucos de vontade de comprar umas Havaianas, e saiam de la carregando a tal Ipanema, crentes que eram Havaianas.

O pior é que ele era apaixonado pela marca Ipanema, disse que era muito melhor que a concorrente e, como a maioria das pessoas, chegou lá querendo fazer algo bacana para a fachada, disse que tinha que chamar atenção, todo empolgado. Eu fiquei olhando para a cara dele e imaginando que porra eu poderia fazer pra agradar um cara desses e depois de 3 minutos de silêncio (silêncio meu, porque o cara falava pelos cotovelos...) eu falei:

Marcelo: - Um sandalhão!
Ipanema: - Como é?
Marcelo: - É rapaz, uma sandália gigante, exatamente igual as que você vende, fixada na em cima da sua porta tipo, uns 3,5 metros de largura por  1 metro de altura!.
Ipanema: - Adorei! De fuder!

Nisso o cara pirou na batatinha, disse que era isso que ele precisava, que ia ficar perfeito, até de gênio me chamou. Lógico que eu virei pra ele e falei que tudo que era inédito tem um preço maior, justamente por conta da falta de referências para o serviço, eu pelo menos nunca tinha visto nada parecido. O cara ia saindo de lá alegre e satisfeito dizendo que era pra eu orçar logo pra começarmos a produção porque ele tinha muita pressa. Mas como nem tudo são flores, antes de sair ele diz:

Ipanema: - Velho adorei! Mas faça um orçamento de uma fachada normal também pra termos uma referência.
Marcelo: - Filho da puta (deu vontade de falar, mas só pensei)

Acho que ele estava pressentindo a lâmina que iria entrar no abdômem dele. Logo que o cara saiu, fiquei pensando que eu já deveria começar a escolher meu caixão, porque sem dúvida nosso chefe de produção iria me matar quando eu chegasse pra ele com um projeto louco desses, mas, fui falar com ele mesmo assim, entrei na produção olhei pra ele sorrindo e larguei:

Maracelo: - Eliesér, meu querido...
Eliesér: - Hum, me chamando assim, lá vem problema...
Marcelo: - Que problema o quê rapaz, tô com um projeto bala pra você aqui.
Eliesér: - Esse é exatamente meu medo...

Ele viu meu projeto, olhou, respirou e disse sorrindo:

Eliesér: - Você quer me matar né? Diga logo!
Marcelo: - Não rapaz, se você parar pra pensar, vai ser simples...
Eliesér: - Simples minha pi... (nessa hora ele calou e lembrou que era cristão)

Mas era verdade, essa porra de simples não tinha nada, era um projeto extremamente complicado feito em caixaria de poliestireno* com alturas diferentes na frente e no fundo e curvas no meio, justamente porque "só a pooorra da Ipanema tem as anatômicas". Isso tudo sem contar que eu teria que inventar uma mágica para fazer as tiras, mas eu até já tinha um plano.

Então, em seguida ele me passou o orçamento e eu pensei comigo mesmo, esse mês vou brocar com esse projeto. Não deve ser muito diferente em qualquer área, mas, pelo menos pra mim, quando um projeto é muito interessante eu quero ver ele sair do papel, mesmo que para isso eu tenha que ter ser um tantinho sacana e aumentar (e muito) o preço da fachada normal, para que ele não ache uma disparidade tão grande de preços entre a normal e nosso amado sandalhão, que eu estava fazendo barato (juro!) para a complicação que seria.

Quando o cara foi lá para ver o projeto e o orçamento quase teve um treco, ele não sabia se ria ou se chorava, adorou o projeto, odiou o preço. Mas no fundo ele sabia que a melhor solução pra ele seria o projeto especial. Saiu de lá com os orçamentos na mão dizendo que me ligaria no dia seguinte pra acertar a forma de pagamento, e nunca mais ligou. Algumas semanas depois passei na porta da loja dele e vi que continuava do mesmo jeito com cartazes promocinais da Ipanema, nem fachada simples, nem sandalhão. Acho que ele deve ter levado uma surra de Ipanema em casa quando comentou com mulher quantas Havaianas a menos ela teria que comprar por causa da fachada.




segunda-feira, 4 de abril de 2011

Adesivo em Academia de Prédio com instalador chorão...

Pra começar bem, resolvi contar minha primeira experiência acompanhando uma instalação de material, nesse caso, adesivos para uma Sala de Ginástica de um prédio na Av. Centenário. Eu não acompanho todas as instalações, normalmente, só vou quando o cliente é importante ou quando dá na telha, nesse dia, deu...

Todos os condomínios novos inventaram de ter Salas de Ginástica em seus playgrounds. É fato também que os síndicos sempre querem deixar esses espaços bonitinhos com plotagens, TV´s de Plasma, etc. (Mesmo que os aparelhos sejam uma merda...)

Esse caso não foi diferente, recebi a ligação do síndico do prédio e fui fazer a vistoria do local, tirar medidas, etc. Essa visita, normalmente, é bastante reveladora, porque tem pessoas que acham muito barato e outras acham que é caro, muitas vezes sem ter nenhum parâmetro para efetuar esse julgamento. Aí, se o profissional de atendimento for bom, vai fazer o cara envelopar até a mãe dele achando que tá pagando uma pechincha.

Nesse prédio tinhamos duas salas a plotar, a tal Sala de Ginástica e o Salão de Jogos, ambos recém construídos e com a tinta quase fresca, o que é um sério problema para aplicação de adesivos.

Lá fomos para a instalação, eu e mais 2 adesivadores (um deles na sua primeira semana na empresa, assim como eu...). Chegando lá, os caras começaram a montar tudo e eu fiquei observando.

Adesivos grandes, normalmente, são aplicados de cima para baixo e da esquerda para a direita, os caras começaram até certo, mas o adesivo estava mole* demais, A arte tinha um chapado preto na parte superior e quanto mais tinta você coloca no adesivo, mais ela reage fazendo com que o adesivo demore mais tempo para curar* (como os prazos de comunicação visual sempre são beeeeem apertados, conseguir que um adesivo esteja no tempo certo de cura é quase absurdo) e isso fazia com que o adesivo ao ser colado em cima não ficasse e fosse se enrolando e fazendo um bolo de adesivo nessa quina superior da parede, uma verdadeira cagada histórica.

O adesivador foi ficando nervoso, aplicando o resto mas olhando para aquela ponta ridícula (toda a parte superior do adesivo)que tinha ficado embolada e eu já preocupado com o resultado final do material, lógico que aquilo não ia ficar bom. Pra completar os dois sacanas perderam o alinhamento com a parede e o adesivo foi ficando diagonal para a direita, de modo geral, esses adesivos são reposicionáveis, você consegue levantar ele e aplicar novamente para corrigir esse tipo de erro. Aí deu-se o seguinte diálogo e foi aí também que deu-se a merda:

Marcelo: - Man, essa porra tá torta, levanta o adesivo e reposiciona.
Instalador 1: - Tá não véi.
Marcelo: Rapaz, olhe onde ele vai acabar embaixo, mais de 1cm afastado da quina da parede!!
Instalador 2: É cara, tem que levantar o adesivo.
Instalador 1: É, então bora, levanta ai...
Parede: - Crack!
Instalador 1: - Ih, fudeu...

É, meus amigos, nessa reposicionada o adesivo levantou sim, mas trouxe com ele um pedaço do reboco da parede do tamanho de Sergipe. Eu não sabia onde eu enfiava a cara e pra completar, quem chega?? O sacana do síndico me aparece na porta e fica contemplando a merda feita...

Nisso, o instalador desce da escada a passa por mim voando e vai para o jardim do prédio. Fiquei conversando com o síndico, dizendo que essas coisas eram normais e tal (mentira da porra, não tinha experiêcia com nada daquilo) e liguei para o dono da empresa que disse que estava pertinho e ia lá. Fui falar com o instalador para ver o que poderiamos fazer e continuarmos com os outros adesivos que tinham que ser instalados. O cara tava se acabando de chorar, dizendo que não tinha nada que desse certo pra ele e não sei o que. Rapaz, consolar seus amigos já é complicado, consolar instalador marmanjo com birra de adesivo é pra matar um.

O dono da empresa chegou, ficamos de fazer o serviço do reboco da parede no dia seguinte e aplicar o adesivo no dia que a massa e pintura estivessem concluidos e retomamos na mesma hora os outros adesivos, que foram aplicados entre uma lágrima e outra do nosso instalador sensível.



*1  e *2: Adesivos para impressão são compostos, em sua maioria, de 3 camadas a tinta passa para a segunda camada onde reage com outros componentes químicos e é fixada e a última que é a cola. O tempo necessário para essa fixação é chamado de cura. Se esse tempo não for respeitado, o material ainda vai estar reagindo, deixando as partes mais chapadas do adesivo moles e, praticamente impossível, de serem aplicadas.

terça-feira, 29 de março de 2011

Voltando a blogar...

Sempre gostei de escrever, mas nem sempre dediquei o tempo necessário para escrever sobre coisas que pudessem somar na vida de outras pessoas...

É bem verdade que na vida de quem trabalha com produção achar tempo para fazer qualquer outra coisa, que não seja resolver os pepinos do dia, é bastante complicado.

Então vou usar esse espaço para contar alguns cases sobre produção publicitária, pricipalmente comunicação visual, que minha maior cachaça (depois da minha Cella).

Por tanto, nem sempre vai ter uma cronologia, vou sempre embaralhar histórias novas e cases antigos, que valerem a pena serem lembrados.

Vamos lá!